segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Lama

As escadas feitas para entrar na igreja católica fazem sentir as pessoas felizes porque estão subindo de nível. Você sobe e sente que está além dos que estão embaixo. Mas é tudo falso e lá acima você olha as pessoas que estavam embaixo, agora no seu mesmo nível. Todas as pessoas podem subir escadas.

As pessoas passam a vida inteira intentando subir escadas. Escalando posições para olhar as outras pessoas lá embaixo. Vivendo naqueles padrões que alguém com vantagem inventou. Eu também fiz parte de aquele pensamento geral. Eu também estava intentando subir escadas e enchendo meu ego. Eu também fui um covarde que não falou quando tinha que falar. Eu também perdi meu tempo tentando encaixar no esquema social.

Estes trinta anos me desenvolvi como animal e no final dos vinte nove achei o uso da razão. Foi um encontro especial onde eu teve que me desapegar de ideias e padrões oficiais. Com à ajuda de muitos eles e elas consegui associar a felicidade com o entendimento da miséria, angustia e solidão.

A solidão que me ensinou tanto sobre mim. Dedicaria muitos escritos para ela, mas seria redundante vivenciar e além disso falar dela. O amor que no vem a mim e a dor que me gasta como o incenso do meu quarto. Todos os dias tento me desfazer de um fedor que aparece no meu quarto.  Hoje entendo que não é o fedor que me incomoda. O que me da raiva é não saber lidar com ele.

Igualmente compatriota leitor, acontece que eu não sei lidar com a miséria e os atos humanos que promovem escadas feitas de carne humana. Fanáticos do poder e do gozo de olhar seus pares desde uma altura confortável. Mas a graça não é só observa-los, a graça é olhar seu sofrimento e a descomposição da sua carne podre.

Quero desapegar de meu ego e estou a caminho disso. Quero amar más e estou tentando. Quero ajudar e estou ajudando. Além disso as pessoas que ficam envolta de mim estão me dando um grande apoio para chegar, mas não para chegar lá acima de todos e sim para chegar lá embaixo de tudo.

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