quarta-feira, 21 de novembro de 2018

crônica de Carnaval

Laranja é a cor do céu nessa imensa cidade. As pessoas pulando na rua. Uma grande festa de desconhecidos. Uma grande multidão de uma pessoa.  O carnaval romantizado por mim, em uma congregação de almas procurando tirar o peso e a dor nas suas costas, pelo menos  por quatro dias de amnésia coletiva. Eu estou bem no meio do bagulho.

Coletas

Nesse pequeno canto que era a arvore de morangos. Morava o Jardineiro mais psicodélico que jamais conheci. Com mais de mil espécies de flores no jardim. Qual é seu segredo. Amar o que se faz? e do que se abstém de fazer?. Que doideira e que invenção é essa do amor. Alguma outra coisa escondida, um outro sentimento de camuflagem. Depois de pilotar cinco anos no mar aberto da América latina continental que fala português do Brasil. Não é muita coisa, não sei nada. Humildade e duzentas gramas de melancolia. Tenho um alvo de PbI2 derretido por  overdose de plasma de argônio.

Doideira, esse jardineiro me deixa pensando e me comparando com ele. Com sua paciência, com sua dedicação. Maldito Jardineiro esperto. Egoísta!. O meu mais puro ato de amor é não atacar as pessoas na rua. Sim, é covardia e além disso não sou tão reaça, como aquele tio do amor que aparenta ser jardineiro. Sinto pena e dor dele, aparentemente. 

Jardineiro conta o teu segredo. Deixa de sacanear estas almas no deserto sem mapa, sem oásis, sem caminhos novos. Numa única vista do mar não consigo pintar todo esse azul no céu. Meu coração, meu fígado, meu pâncreas. Todos parecem concordar que já esta na hora de eu voltar. Voltar pra rua escura. Voltar para a poesia oculta nas montanhas de ferro e aço e nos livros de eletrodinâmica e células solares. Queria ser descobridor dos sete mares. Chega de saudades e mulheres esquecidas. Chega de países e fronteiras imaginarias. Chega de amor por amor e de nada por nada.

Um dia mas passando na tua time line. um dia mais que vejo mortos e flores. As flores estão bem cuidadas, sinto-me admirado até o ponto de tremer de ódio. Por que tem esse cuidado? e de onde sai todo esse cloro para limpar as paredes encardidas do banheiro. Pareço um contemporâneo mas, sem entendimento nenhum. Sem a rebeldia, sem o troco pronto para tanta burguesia. Falsos! Falsos todos de toda falsidade, imersos na escoria. tudo sujo, sujos!

Jardineiro por que não cobres de flores todos esses mortos, todos esses espaços.

A fina linha entre o abismo e a poesia.

Entre pássaros e borboletas, desvendava um futuro. Amor platônico aparece na janela e celebramos juntos a irreversibilidade da vida. O destino marcado da um chute nas costelas. A amada pergunta: é por ela?. Vacilei em responder. Porque na verdade eu já estava quebrado milhares de anos atrás, desde dentro. Enganei meu bom senso mais uma vez. Aplicando todo o que construí como princípios, encontrei hoje a prova rainha. E escolhi um caminho, meu caminho.

Hoje tenho mais segurança em mim. Porem, não significa que esteja todo resolvido. Os calcanhares de Aquiles são muitos e repetidos. Estou colocando-me na posição inimiga. O pior de nos são as nossas paixões e desejos. Quando consigo vence-las em descomunal luta. Percebo que sou dono de alguma coisa. Sofro, é claro. Todo tem um preço. 

Vejo meu reflexo na água e não me beijo. Já não me importo se não fala. Agora é hora do esquecimento, perdão e amor no mesmo instante de tempo. Meses e alguns dias, sempre sedento. Porem, cauteloso e responsável dos atos vindouros. Enfrento-me com milhares de situações em todo momento. Eis que recebi ajuda e agradeço-te. 

Agradeço tanto que sempre vai ter o primeiro abraço no vaivém do vento. Amo, só sei que amo e nada sei também. Que a solidão continue me oferecendo tanto sentimento, para que saiba o mundo que perdidos estão todos. Com todos esses desejos e meios que justificam os finais com quarta sinfonia em Fa menor op 36. Silencio!. Passe senhor destino, não o esperava tão cedo.