sábado, 21 de maio de 2022

Cíclico

Começo de Outono que beleza. O frio vindo aos poucos para aquecer meu cérebro. Por que caminhas sozinha nesse mundo tão grande?, Menina de olhos escuros vejo neles a profundeza do universo. As mãos de mãe que levam a criança pela vida mostrando e ensinando as técnicas para sobreviver e levar uma vida digna, além das angustias e da dor. 

Mulher de olhos escuros, já não tenho os versos do poeta que configuravam as almas. Nossas almas numa trança de mil cores e vestidos cheios de bordados. Amores estou cansado, e no cansaço sinto-me ofegante como o elefante que percorre Ásia para dar sequencia a vida. Os amores de cores são os melhores e as vendinhas na feirinha de sábado são um doce prazer divino da comunidade. Melhor quando estamos juntos! Eu sinto-me levitando do teu lado com aquele magnetismo inexplicável..

Amore meu, o coração já vai fora e fecha a porta para não entrar ninguém. Nem mesmo um mal pensamento. Guardo numa caixa de pandora todos os sentimentos acordados. Hoje habito aqui na rua sem saída e sem iluminação. O frio chega nesse mês e amanhã será um novo dia. Sempre fica a frase positivista e a alma perturbada. O inverno é uma maravilha comparado com a sociedade que está ruim demais. Sei que sempre foi assim e por isso sofrem todos os poetas sempre. Saudações estejas onde estejas.

sábado, 14 de maio de 2022

Inicio

    Cedo de manhã, umas seis e trinta horas. Sentado na cama olhando pela janela do quarto posso observar o céu límpido e o contraste que faz com o muro que divide a casa dos fundos da casa principal. Faz uns três anos que moro aqui nesta zona arborizada da cidade. O inicio do dia sempre começa com esse ritual de olhar pela janela e observar o contraste da parede com o céu azul. Talvez eu seja a parede, trincada, rasgada e mohoso dividindo alguma propriedade, ou talvez eu seja o céu azul dividindo o planeta. Um muro e o céu azul. A obra que fabrica minha mente para pensar no passado e no futuro, e na existência como objeto ou ser. Abençoado quem descobre as pequenas belezas do pensamento através de observar contrastes  cotidianos que passam reto na correria do presente. A mente voando além das rotinas que fomos condenados a seguir por não sei qual deidade. Ainda bem que estou aqui sentado neste minuto tentando deixar por escrito o que vejo. Queria dar um beijo na mulher que amo e ver ela passear nesse céu azul. Voando como pássaro livre e feliz. Compartilhar a vida é a tragédia da humanidade. Queria abrir a minha mente e estudar o que poderia estar errado para eu não dizer que te amo. E te amo tanto que consigo guarda-lo no peito para implodir noite a noite e não gerar a entropia que aumente tuas dores. Sim, parece que eu sou egoísta ou talvez eu seja aquele muro rachado que divide a propriedade principal da casa dos fundos.

terça-feira, 10 de maio de 2022

38

    Vi a noite chegar na limpeza do planeta girando e deixando cair a escuridão do universo. Nessa hora vejo os rostos das mil e uma pessoas que não conheci, aparecem os crâneos por que dos corpos não tenho as lembranças, e vejo uma face amiga que pisca seu interior para mim e envolve-me em mil anos luz de tempo detido... 

    ...Naquela hora somente tem o nada. Bate na minha mão o tic tac do relógio parado e já não faz sentido perder a hora. Aos poucos retorno em mim como quando acordo de um sono profundo e não faço ideia de onde estou. 

    Vejo do meu lado e continua escuro, um tom indivisível. Segadora de alma que me segue sempre até o infinito dos meus dias e meus pensamentos ficam estancados na mesma roda. Aquela roda, que é a elipse com dois focos que descreve o movimento do planeta terra com o sol num dos pontos focais, e eu olhando desde o referencial do espaço vazio assisto a magnitude do indecifrável e de medidas colossais.

Queria voltar as noites de lua cheia e visualizar teu rosto novamente. Olhar as estrelas na imensidão, sim aquela que faz graça com a nossa vida. E perceber novamente que somos menos do que um suspirar do poeta. 

domingo, 8 de maio de 2022

Turbulência

    Novidades, com números gigantescos de colapsos. Vários dias de acolhimento obrigatório para proteger a vida. Vida que foi embora para muitos e deixou somente a saudade e as lembranças de tempos melhores.

    Orações, fé, amor, amizades, família. Todos sinônimos do imperecível ato de viver. Aquele azar que é lançar uma moeda para ver se tomarmos a decisão de seguir enfrente? É insulso comparado com o destino brincalhão que assume nosso dia após dia. Podemos estar hoje, amanhã podemos ser uma outra coisa que nem conseguiríamos imaginar.

    Nem o amor tenho hoje comigo, nesta situação difícil, porem passageira. Tenho fé e esperança sob tempos melhores vindo. O final do poço sempre é um sinal de melhoria. Acredito mais ainda no absurdo de viver e no absurdo de tudo isto que acontece e na certeza da inferioridade do ser humano com relação aos outros reinos de seres vivos.