sábado, 14 de maio de 2022

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    Cedo de manhã, umas seis e trinta horas. Sentado na cama olhando pela janela do quarto posso observar o céu límpido e o contraste que faz com o muro que divide a casa dos fundos da casa principal. Faz uns três anos que moro aqui nesta zona arborizada da cidade. O inicio do dia sempre começa com esse ritual de olhar pela janela e observar o contraste da parede com o céu azul. Talvez eu seja a parede, trincada, rasgada e mohoso dividindo alguma propriedade, ou talvez eu seja o céu azul dividindo o planeta. Um muro e o céu azul. A obra que fabrica minha mente para pensar no passado e no futuro, e na existência como objeto ou ser. Abençoado quem descobre as pequenas belezas do pensamento através de observar contrastes  cotidianos que passam reto na correria do presente. A mente voando além das rotinas que fomos condenados a seguir por não sei qual deidade. Ainda bem que estou aqui sentado neste minuto tentando deixar por escrito o que vejo. Queria dar um beijo na mulher que amo e ver ela passear nesse céu azul. Voando como pássaro livre e feliz. Compartilhar a vida é a tragédia da humanidade. Queria abrir a minha mente e estudar o que poderia estar errado para eu não dizer que te amo. E te amo tanto que consigo guarda-lo no peito para implodir noite a noite e não gerar a entropia que aumente tuas dores. Sim, parece que eu sou egoísta ou talvez eu seja aquele muro rachado que divide a propriedade principal da casa dos fundos.

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