terça-feira, 16 de maio de 2017

Microcosmos

Um dia normal para ascender um cigarro e deixar o vento levar a fumaça. Uma noite normal para ir no bar e beber umas quantas garrafas que anestesiam a dor do coração. Abro a janela e não vejo nada. Não vejo o que quero ver que é ela quando passa.

A satisfação de saber que você mora na mesma rua que eu me deixa feliz. Aquele moleque que joga à pipa e é feliz, muito feliz. Eu sou esse moleque, feliz só com ver passar você pela minha frente.

Na esquina está aquele velho boteco, meu primeiro lar. As suas paredes brancas com vermelho dão esse toque fino e as cadeiras velhas dão aquele charme de antigo e festivo. Suas mesas que já aguentaram e acompanharam todos os sofrimentos e aniversários. Suas paredes com marcas de sapato mostram todo o peso da vida em cada pisada.

Cerveja e brinde para matar as inconsistências desta matriz cheia de grades com alarmes. Amendoim para dar sabor a cada gole, dinheiro para pegar a saideira, amor para entender a disgraça aleia. No bar sai o melhor de mim, sinto a minha vida crescer um pouco mas enquanto se apaga com o passo dos anos.

O acontecer das coisas não é previsível, mas tenho certeza que sempre vai ter uma bebida no boteco. Vem meu bem, vem para nós amar, para deixar todo o fogo da vida num dia normal. Virar as coisas para acima e virar de novo para abaixo, e porque não, mais uma vez para acima.

Cansados depois de tanto amor, depois de tanta dor. Eu vou continuar olhando pela janelinha. Os dias normais são assim, não são previsíveis e eu só quero ver ela quando passa pela minha janela.

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