sábado, 24 de junho de 2017

Almoço

Inspiração, minha saída. Passo a página do jornal do dia. Um dia X. Nas notícias só tem fatos repetidos. Como milhares de grãos da areia do mar passam pela minha frente, também milhares de sentimentos e desejos. más aquelas notícias sinistras e infinitamente iguais não mudam e continuam na tela.

"Amor se vá a minha vida". Eu começo a cantar essas letras que compus faz tempo, na minha terceira vida. Eu estou em divida comigo, mesmo tendo viajado, mesmo tendo estudado, mesmo tendo lido, mesmo tendo sonhado. A minha divida não deixa-me dormir no final das contas.

Tirando o journal da minha frente (ou seja abrindo outra janela do buscador web). Vejo que ela está fazendo alguma comida e grita pra mim, meu bem vc faz o arroz. Arroz branco e cheio de açúcar, arroz que me lembra quando não tinha nada na vida. Me lembra de hoje.

Eu não reclamo de barriga cheia. Não estou escrevendo sobre a matéria, tenho arroz e um ovo e para minha companheira isso é perfeito. Não tenho partido político nem nada contra os veganos. Só queria dizer que todos comemos o mesmo veneno. Ontem li a noticia: estão morrendo porcos em Estados Unidos. Meu pensamento foi: Por que morrem seres tão fofos e macios, enquanto milhares de pessoas pensantes fazemos meritocracia para morrer da pior doença possível.

Chega de escrever coisas sem sentido F, penso, ao mesmo tempo que tento terminar estes versos. Eles estão tão vazios como a minha própria vida, tão cheios de arte como o amor quando teve quinze anos. Estamos falhando ao mundo. Eu estou falhando ao mundo. Estamos falhando a as pessoas que nem chegaram ainda. Vacilões: somos nós. Eu fiz o arroz tá.
 

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